Como Hilary Duff fez um álbum pop incrivelmente relevante

Hilary-Duff-Breathe-In-Breath-Out-2015Tudo que ouvimos é manipulado – a gente sabe disso. Artistas contratados e renomados chegam com demos e materiais às gravadoras para, muitas vezes, levar um não na cara, seguidos de “faz isso aqui ó; vai ser bem melhor”. Imagino que tenha sido mais ou menos isso que aconteceu com Hilary Duff quando ela lançou as músicas “Chasing the Sun” e “All About You” no ano passado. Ambas fracassaram de forma impiedosa no gosto popular e levaram a artista a criar uma verdadeira obra de pop, o disco “Breathe In. Breathe Out.” – lançado no início dessa semana.

O disco é completamente maduro (diferente daquela lentidão mental de Chasing the Sun), dançante, dramático, com letras pegajosas e produções de artistas contemporâneos que têm emergido nos cenários eletrônico e pop.

Antes de continuar, a gente tem que lembrar que a Hilary é uma das primeiras grandes estrelas musicais produzidas pela Disney (sdds Lizzie McGuire) e pulou de músicas superficiais como “Wake Up”(quem não lembra de cantar essa música antigamente?) direto para “Stranger”, parte do até pouco tempo último disco lançado dela (Dignity) – oito anos atrás. Dizer que ela não cresceu no mundo pop ou que não possui representatividade é recalque de gente que não assume guilty pleasures (século XXI, gente. Esse negócio de sentir culpa por gosto pessoal já deu, né?).

Voltando ao novo disco, precisamos falar do primeiro single oficial, “Sparks”. Devido à preguiça que tive com Chasing e All About You, demorei umas duas semanas pra ouvi-la, mas tive uma incrível e agradável surpresa quando decidi dar uma chance. A produção e letra são da Tove Lo, que tem tomado conta do mercado pop com produções que misturam EDM a batidas alternativas. Deus seja louvado pelos assobios, os suspiros, a voz preguiçosa, a letra pegajosíssima e pelo clipe magnificamente bonito (a versão sem o Tinder, ok?).

A Tove Lo volta no álbum em outras faixas de produção igualmente genial, como a Kylie-Minogue-inspired “One In A Million” e “Stay In Love”. Ambas são similares aos trabalhos individuais da produtora, mas a voz da Hilary realmente é um diferencial que transforma qualquer música em algo dela. Não digo que ela tem a melhor e mais potente voz do mundo – ela não tem -, mas é uma daquelas vozes que a gente ouve e sabe a quem ela pertence na mesma hora.

Outros artistas conhecidos fizeram parte do processo criativo do álbum. Uma das baladas mais românticas e chicletes, “Tattoo”, é assinada pelo ruivo de cabelo bagunçado Ed Sheeran. A música ganhou uma versão acústica bem bacana. Vem cá ouvir:

Falando em baladas, vale ressaltar que esse é o álbum mais pessoal da Hilary. Já era hora que isso acontecesse, na verdade. Depois de álbuns manipulados pela Disney, percebemos que a agora mãe tem muito o que dizer. “Lies” e “Brave Heart”(de autoria da própria Hilary) falam sobre dificuldades em um relacionamento com um aspecto mais confiante e maduro.

O prêmio de melhor música é, sem dúvida, da faixa título. “Breathe In. Breathe Out” pode até tentar te enganar com o som mais jovial, mas a letra é de matar o coração de quem já passou por um término de relacionamento difícil e sobre como é preciso respirar fundo e perceber que tudo passa (sério, passa).

Hilary fez um ótimo trabalho ao ouvir empresários, músicos e pessoas mais experientes e veio com um álbum adulto daqueles que não dá pra pular uma faixa. Se você não consegue entender que uma ex-estrela de filmes teenager é capaz de criar música pop de qualidade, você não tem prestado atenção o suficiente – ou simplesmente não gosta de música pop.

Leave a comment